Não sei como vai isto vai correr, muito menos como seria suposto. Não faço sequer ideia de como começar, o que muito provavelmente se deve ao facto de desde sempre nada fazer senão evitar a todo o custo falar sobre o assunto. Mas a verdade é que sinto que é uma traição para com o meu blog não publicar nada sobre estes tempos tão importantes, nem o por a par de tudo o que tem acontecido depois de achar que nada ia voltar a ser igual, o que -diga-se de passagem- não é.
De certa maneira, sinto-me ridícula por estar a escrever à cerca de algo em que nunca me dignei a acreditar, mas "ver para crer", não é?
Ultimamente tenho descoberto inúmeras coisas sobre os mais variados temas. Umas são boas, outras o serão a longo prazo. Uma das mais marcantes que descobri é sem dúvida a verdadeira dificuldade de eufemizar alguém não só do coração, mas da memória. Esta sim é complicada porque é lá onde se mantêm tudo de bom e mau que possa ter acontecido, e quanto mais se tenta obriga-la a fazer o que queremos, mais certezas podemos ter de que fará exatamente o oposto.
Acredito que numa relação, há sempre alguém que gosta mais e todos temos que passar pelo pesadelo de sermos nós, pelo menos uma vez. Pesadelo... É um pesadelo quando acaba, pois a dependência que criamos em relação ao sentimento que temos pela outra pessoa, torna-se mais forte que as saudades em si. Mas durante o "mar de rosas", ser o de sentimento maior nada traz senão uma intensificação de cada segundo com quem julgamos ser a pessoa certa.
Tenho uma teoria sobre ela em que digo que não existe apenas uma. À volta do mundo, existem n pessoas com quem seríamos capazes de partilhar uma vida. Não importa se a encontrámos aos 4 ou aos 40, pois essas pessoas foram desenhadas para completar a nossa personalidade. Quando por alguma razão não resulta, temos que procurar outra. Mas a primeira nunca deixará de ser uma pessoa certa também, e levará sempre um bocado de nós com ela. O que se torna curioso, é que não é o que custa mais. Ter levado um bocado de mim não me magoa um terço do que a principal dificuldade do fim de uma relação. Se o bocado lhe pertencia, então não vou precisar dele outra vez. O pior é a rotina. O levantar todos os dias e ver que à nossa volta só existem indícios de que ele existiu. Tomar banho e usar os cremes que tanta vez foram comentados por ele. Acabei por os deitar fora. Encontrar objetos cuja única função era permitir brincar aos maridos e mulheres. O melhor de tudo é, sem dúvida, que o meu trajeto pendular me obrigue a passar todos os dias pelo sítio que costumava ser nosso. Sítio esse onde os guiões dos contos de fada quase que foram lidos. E é também nestas alturas em que desejava que o mundo fosse tão atrasado que ainda nunca tivesse ouvido falar em telemóveis. Detesto nunca ter sido capaz de apagar todos os vestígios de mensagens que outrora me deixam feliz pelas mais variadas razões. Mas eram elas que me deixavam teletransportar para a altura em que tudo aquilo era lindo e maravilhoso. Como ele. Li-as tantas vezes que cheguei a saber de cor a mensagem que vinha a seguir, mas nunca me cansava. Era impensável cansar.
Às vezes gostava de lhe poder dizer o quão errado ele estava quando decidiu que não era suficiente mas nunca o vou fazer. Até porque isso implicaria mostrar que não estou tão bem com a ideia de sermos amigos como disse que estava. Adoro que o sejamos. Adoro mesmo. Antes de tudo isto, os passeios que costumávamos dar eram mais que suficientes para sustentar a minha felicidade porque não havia nada melhor do que o ter ao pé de mim e o sentimento que tinha, saciava-se só por ele estar por perto.
Por mais que tente acreditar na minha teoria, o medo que tenho de não voltar a encontrar alguém igual, é consumidor. E a verdade é que por mais que tente conhecer outras pessoas, quando ele aparece, o resto voa e o mundo volta a ficar um lugar só nosso. E é isto que magoa. Não ser capaz de usar a racionalidade que sempre tive para deixar a história e construir outra. Ao início não conseguia porque deixa-lo para trás não era uma opção. Mas agora é. Não porque quero, mas porque preciso.
Há um lado de mim que o detesta profundamente. O lado que se sentia bem sentindo-se mal. Sem nunca precisar de felicidade para estar bem, simplesmente porque não a conhecia. E esse meu lado, agora sabe o bom que é estar feliz e não há consolo possível agora que nada disso existe. E detesto-o por isso. Por me ter mostrado o quão ótima é a sensação de bem-estar para depois me tirar tudo isso outra vez.
Existem todas estas coisas que adorava poder dizer-lhe um dia entre tantas outras que nem a mim consigo admitir. Gostava de lhe poder dizer que não desisti por deixar de gostar dele, torna-se anedótico se ele pensar sequer que isso é uma hipótese. Da mesma maneira que ele diz que fez, desisti por gostar dele. E achar que ele merece melhor. Merece ser a pessoa que gosta mais numa relação, o que na nossa nunca seria possível.
Mas tenho a certeza que ele agora sabe.
sábado, 23 de novembro de 2013
He came in like a wrecking ball
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